sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Castelo de cortina

Às vezes tenho a impressão que já vi te tudo no mundo quando outra coisa acontece e então percebo: é, ainda vivo num castelo. Talvez eu seja o castelo. Mas nada mais me choca, ou poucas coisas, perdi aquela cara de surpresa diante de tanta podridão. Mas não sei se é podridão, é o mundo, é o mundo assim. As pessoas fazem de tudo, elas são tudo, e elas são nada. Eu por exemplo não existo. O que há é uma imensa força, que se protege, que se permite, que quer dar a cara à tapa e descobrir tudo e tudo. Eu to lá e to aqui, vivo rodeada. Minha imensa muralha é uma cortina que as pessoas olham e admiram tanta exuberância e leveza, tanta fluidez e capacidade de ir e vir, de dar e passar. Tem felicidade nela, tem sim. Tem praticidade, e alguma simpatia, tem vontades, muitas vontades. Tem de tudo e tem tudo do nada. Mas ainda sou apaixonada, sou embreagada, contemplo o sorriso que quer dizer alguma coisa. Amo toda essa hipocrisia, na verdade rio na cara dela. Rio, dou gargalhadas para constatar tudo, todo o meu resumo. A vida não pode ser resumida, e nem o mundo, ela e ele estão juntos, caminham de variadas formas, pra todos os lados, a gente vai também. O mundo e a vida levam o que a gente nem sabe o que é, mas estamos aí. No final, ou no começo, talvez no meio, eu até arrisco um basta. Basta a felicidade, basta não querer entender, basta resumir para saber. É, dou vários bastas que são como vivas, são celebrações de tanto encanto e desencanto. São verdades mentirosas e mentiras verdadeiras. Somos vários, vários e variados vários. Me construo diante de tu, ele, ela, nós e eles e elas. No outro dia desconstruo tudo porque já entendi outra coisa, mas não entendi outra. Mas tem coerência, tem? Um pouco, um pouco daquela que te faz estar aqui. Somos maus, não vem com essa. Eu também sou mas posso ser sua amiga também, isso só porque tem amor.

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