segunda-feira, 16 de novembro de 2009

insustentável

"Mas era justamente o fraco que deveria saber ser forte e partir, quando o forte é fraco demais para poder ofender o fraco." (Milan Kundera)

domingo, 15 de novembro de 2009

Um tapa

Eu tenho um segredo que todo mundo sabe.
Eu tenho um desejo só meu.
Não tenho palavras.

Não tive palavras para as fraquezas humanas:
para aquele meu sono, para a inquietude daquela alma que queria ver o mundo, para a covardia daquele que escolheu o passado, para o meu descompasso.
Tudo bem, apenas, todos esses e eu demos nossa cara à tapa!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vida viciada

E a vida é como uma jaula que escolhemos abrir, entrar, fechar e depois (ou antes), abrir, sair, fechar. Um ciclo vicioso que te impede de ver outras milhões de luzes ao teu redor. Prendemo-nos por escolher não enxergar. E quando um ponto, de forma súbita, atravessa seu vício é que percebe o quanto estava cega e covarde para assumí-lo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

in-satisfação

Começo a sentir aquela onda, uma que é física, que passa pelo meu corpo rasgando a mente, os pulmões e os rins. Os pés também estão ásperos, é resultado de algum esforço, de um prazer buscado de forma incansável.
E bem sei porque não me canso: nunca estou satisfeita. Será isso bom ou ruim? Não sei, apenas é. Quando realizo o que era novo e este tornar-se velho continuo insatisfeita porque ainda não cheguei no outro novo que já apareceu. É tudo sempre velho e novo. É assim que vou, satisfeita com minha insatisfação, feliz com os novos e velhos rumos que o mundo me dá. Mas o processo cansa, é um grande redemoinho que quer trazer tudo para dentro de si, tudo o que há em volta, quer misturar e desabar tudo. É muita força. Ela me gasta. Não sinto nada, tenho um sorriso amante e amigo, tenho um olhar perfurante.
Preciso do meu silêncio e da sua voz para abastecer meu coração e minha mente. Quero mãos que se olham, quero olhos que se dão. Quero acabar com toda a partida, a vida não é para ser jogada. Vamos olhar, vamos deixar de sermos chatos! Larguemos a tentativa de tentar encaixar tudo, de esperar finais, de fazer o tradicional. Esquece o depois, este não está em mim pois sou agora!

sábado, 7 de novembro de 2009

Falei

Resolvi, então, te contar tudo! Mostrei que sou do mundo e portanto que somos iguais nas nossas diferenças. Deixei transparecer toda a minha arrogância e fingi ser forte para realmente ser. E nada disso foi ruim. É que eu tive medo, mas foi daqueles que faz transgredir. Era receio do desconhecido e quase certeza da construção. Mas quis largar o medo, gritar tudo para o mundo, andar sem rumo e deixar você me levar. Será que ainda posso ser como antes depois disso? Óbvio que não! Perdi-me assim e achei a máscara - ou será que a colocaram em mim?. Não, não, não estou mentindo, estou transgredindo. Assim faço a vida mais legal, olho para ela sorrindo, um pouco cansada. Peço que ela não seja tão séria comigo e caminhemos juntas. É melhor estar viva, bem viva!!! Não há nada a ser levado tão a sério, mesmo que ainda me digam isso, ainda que queiram me tolir e que eu queira reconstruir, desfazer o que foi feito e vestir outra máscara - isso não pode dar certo. Mas não vale o sacrifício da preservação. E então, que interpretemos como quiser porque eu nem te olho, e nem te julgo, ajo por viver. Assim, não tenho tanta seriedade e aprendo a valorizar cada parte de mim (e de você também).

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nem tão sério assim

Tenho sempre a imensa vontade de fazer meu dia dar certo. E pensando agora parece sim que o final é sempre feliz. Isso porque quero sempre abraçar o mundo inteiro, trazê-lo para mim, quando então me dou conta que ele é muito grande para os meus braços, mas muito pequeno para a minha cabeça. Ainda que faça tudo o que eu quero, ou pelo menos o que eu posso, muitas horas sinto-me incompleta. Mas agora está tudo pleno, completa de tudo, com pequenas nostalgias e grandes alegrias e mentiras sinceras.
Por isso observo: no submundo não há nada, não há relações, os laços que pretendem ser estreitos não são nem criados. Lá está escancarada a condição humana, o ser animal com sua voz e seus instintos. Nesse lugar me dispo de valores, não há amor nem ódio, há a vida pulsando e revelando com calor o que todos nós somos. Lá parece automático, mas como posso falar do "lá"? Vejo tudo destruído, tudo aquilo que me sustenta e sustenta você, por isso vá experimentar outra coisa e então se destrua! E reconstrua.
E enquanto entrava no nosso submundo ela me disse: "como você escreve tão bem, isso não é fácil!". Eu parei na hora, olhei para aqueles olhos e sorri. Quis conversar com ela, saber um pouco dela, afinal assim como eu observo, ela também me observava. Contou-me que gosta muito de morar ali mas já está enjoada, já não tem mais emoção, já viveu lá sua infância e agora tem até bisnetos. Sobre a violência? Disse que essa estava em todos os lugares, e terminou dizendo que não poderia mais se mudar de lá, não quis sair antes, então agora parece achar digno continuar ali. E essa mulher me redeu linhas, me mostrou o bom senso comum. Mas não me sinto comum, não me sinto melhor, só me sinto (muito). E sorrio para toda essa simplicidade da vida que parece fugir de mim, vamos gente!!! Vamos apenas sentir, estar, dizer sim! Vamos elogiar, vamos ser felizes e fazer feliz, não vamos nos assustar! O submundo já nos revelou, já quebramos tudo e somos agora valores e sentimentos a serem respirados. O fim do dia já foi dito. Quem entendeu bem, eu ainda estou tentando entender. Mas vamos deixar de sermos tão sérios?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Voltas em mim

Pois é, o mundo dá voltas inesperadas, e a cada volta, estranha ou bonita, sinto a fragilidade da vida. Ainda que viva de forma intensa a sua fraqueza, percebo as pessoas de milhões de formas. Sinto a felicidade misturada com podridão e o quanto as coisas podem acabar assim: que nem poeira no ar. As coisas construídas se quebram e você não pode mais pegá-las, só senti-las arranhando sua cara, seu coração que parecia tão feliz, que foi feliz.
Sou duas, uma que ama e uma que se enoja, só a embriaguez da vida pode me salvar. Sua poesia hipócrita, seu carinho gostoso, sua angústia aliviadora, toda a contradição dessas voltas estão em mim.
Vou nessa, vou rodando, vou rindo para fora, vou chorando para dentro e descobrindo tudo que sou capaz, o quanto as pessoas valem, o quanto as verdades enganam. Vou indo, vamos, vamos!
Cada passo me surpreende, me surpreendo, vou pensando em todas as relações que me rodeiam, vou valorizando cada uma, vou deixando elas passarem, eu vou, o tempo vem. Já não sinto nada, nem o que me fez estar aqui na primeira palavra escrita. Está vendo como vou indo? Vou indo com você, vou indo só comigo. Nem olho para trás, me assusta um pouco o mundo, perco minha inocência em querer descobrir tudo. É, é o preço que se paga. Quebro a redoma, construo outro mundo, me largo e depois me vejo presa.
Não quero pedir nada, quero só ir, me deixa tá? Essa outra em mim vai seguir comigo, vou esconde-la depois mas não vai adiantar muito, pelo menos agora. Estou com um sentimento inexplicável, veja a desconexão. Não queira entender, entrego tudo à vida, me entrego à vida!

domingo, 1 de novembro de 2009

Praticando

A vida pulsa, ela não me dá tempo para ser perdido. Ela me inspira a desvendar seus mistérios, a acreditar que entendi tudo e no instante seguinte perceber que não havia nada a ser entendido, mas apenas vivido. É como o mar, uma beleza de se admirar, que alegra os olhos de quem o vê, que é motivo de festa todo dia e toda noite. A vida, como o mar, tem ondas, de longe pode até parecer calma mas ao se aproximar vemos ondas sem curso lógico, pequenas, grandes, sem ordem, fortes.
A diferença é que os cientistas dizem que todo esse mistério do mar pode ser explicado pela gravidade, a posição da lua e outras coisas dessas. Mas e a vida? Quero saber quem descobriu a gravidade dela, qual ciência vai explicar todas as associações que são livres, livres?
Ninguém vai me explicar a força que ela tem, só eu vou senti-la, vou vivê-la. A alegria me possui de forma imensa, sinto-me mergulhado na vida, englobado por ela, caminhando nas margens, fugindo dos centros fixos e das verdades ditas. Não há nada disso. Sigo o fluxo dela, me agarro nela, coloco-a em prática!